Li outro dia num
jornal de Mossoró, acho que na Gazeta do Oeste, que a Prefeitura Municipal iria
transformar a Galeria de Artes na sede do Memorial da Rede Ferroviária. Não creio que isso seja totalmente verdade. Menos pela
memória da rede ferroviária, que teve uma importância fundamental no
desenvolvimento da cidade na primeira metade do século passado e deve ser preservada. Muito mais pela
Galeria de Artes, que sem dúvida, é hoje a mais estruturada galeria de artes
visuais do estado. Destruir esse patrimônio cultural seria dar um passo atrás.
O Memorial Ferroviário
merece ser criado sim e não há melhor lugar para sediar esse pedaço da história
que a Estação das Artes Elizeu Ventania.
Acredito na sensibilidade do secretário de Cultura, Gustavo Rosado. Que
provavelmente deve ter declarado ao jornal sob aquele impulso da emoção em cima
de uma boa sacada. Pensando melhor ele
sabe.
A
Estação
das Artes foi, no passado, a sede da Estação Ferroviária de Mossoró, da
RFFSA - Rede Ferroviária Federal S/A. Lá onde funcionou a estação de
embarque e
desembarque de passageiros e cargas, desde a velha linha Porto
Franco/Sousa,
depois Mossoró/Sousa. Levando gente e mercadoria para a Paraíba,
escala certa para
outras regiões desse sertão e mundão de meu Deus. Na linha do
trem Lampião fez sua trilha com sua turma no rumo de Mossoró.
A cidade abrigou ainda uma grande oficina de trens e ferrovias no Alto da
Conceição, com seus conjuntos habitacionais no entorno. E até um
time de futebol, o Ferroviário. Hoje tudo se foi e mora agora no
baú do passado. Restou a memória, que o secretário de Cultura,
Gustavo Rosado, quer coletar. Faz muito bem.
Há bom senso na prefeitura. A cidade precisa resgatar sua
história, tudo que forjou sua identidade. Deve ter muito documentos e fotos
largados por ai. Tudo isso cabe bem na Estação das Artes. Qualquer
outro lugar seria subjetivo e desajustado com o compasso da história.
Não é
preciso acabar com uma das melhores – senão a melhor – Galeria de Artes Visuais
do Rio Grande do Norte, que fica no piso superior do Memorial de Mossoró. Seguramente é a galeria mais estruturada, com boa
largura, profundidade e iluminação. Tendo ainda uma área anexa, no último piso,
para instalações, performances e outras manifestações a céu aberto. A galeria é
um espaço planejado e precioso que só precisa ser mais bem aproveitado. Um impulso.
Uma dinâmica. Um bom curador.
Aliás,
falando em memória e memorial, Mossoró e o Rio Grande do Norte precisam
urgente, criar um espaço para guardar o acervo do pesquisador Raimundo Brito. O
acervo de Raibrito é uma relíquia que corre o risco de se perder. Um material
de grande interesse para pesquisas estudantis e acadêmicas sobre a história e
personalidades do Rio Grande Norte. São dados coletados e catalogados durante
uma vida inteira pelo incansável Raibrito, que não podem ficar esquecidos à mercê
dos cupins e intempéries. É preciso resgatar, informatizar todo o acervo (não aquela
enganação que fizeram tempos atrás). Vamos
correr antes que seja tarde.
Aqui faço campanha pelo Memorial Raibrito. Ele merece!