quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Os lobos legislantes querem tomar a Capitania das Artes


Neste país do carnaval é comum o brasileiro acordar na quarta-feira de cinzas com uma bomba na mão. E na nossa velha taba de Poti não é diferente. Nesta quinta-feira, os vereadores vão ao gabinete do prefeito Carlos Eduardo com o pacote nas mãos.

Desta vez o que vem dentro do papel embrulho é o projeto da Câmara Municipal querendo construir um prédio de 10 andares no terreiro da Capitania das Artes. Um prédio que é tombado pelo Patrimônio Histórico – e que fica na avenida Junqueira Aires (ou Câmara Cascudo, se quiserem) com fundos para a beira do rio Potengi.

Pois é mesmo ali, beirando o rio, que a Câmara quer erguer o seu palácio, nem se importa se o gabarito urbano proíbe a construção de prédios que tomem a visão do centro histórico da cidade. Está lá no Plano Diretor, que os vereadores não lêem. Pois é, e 10 andares de cara vão tomar além do terreno, o visual da Capitania das Artes, toma a vista do Solar Bela Vista e do Solar João Galvão, o visual do patamar e do mirante da secular Igreja do Rosário dos Negros, no esplendor da Cidade Alta. De quebra ainda empata à vista da Casa de Câmara Cascudo quando se olha para o pôr do sol, que alumbrava o velho historiador.  

Mas que sensibilidade com as coisas históricas do lugar tem os nobres legisladores? Para que ser sensível com a cultura da cidade. Legislar nesse país tem sido vislumbrar a causa própria. Sensibilidade deve ser sinônimo de luxúria para o Legislativo de Natal. Ademais, o Legislativo até onde que eu saiba não está sendo despejado do Palácio Frei Miguelinho, onde se abanca desde os anos 70. Houve foi apenas um cogito, mais parece um balão inflado no próprio Legislativo, e a universidade que é dona do imóvel se pronunciou, é natural, e nada mais.

Pelo visto, os vereadores pouco se importam em espremer a sede da Funcarte (que tem previsto um projeto de expansão) e por conseqüência, o espaço dos artistas, que se utilizam da área para montar ensaiar, montar espetáculos e outras atividades afins. Afinal, para os nossos vereadores, a cultura que se exploda. Ou não? Por aqui quando muito se vê por é um projeto idiota de um vereador nepotista, criando pseudo-espaços para fazer homenagens póstumas aos queridos parentes, tudo aprovado pelos seus pares.

Lembro da própria Funcarte, na gestão anterior do prefeito Carlos Eduardo, e sob a batuta do mesmo Dácio Galvão, se utilizou daquele espaço para projetos culturais. Alguns programas agregando atrações nacionais memoráveis. Ali mesmo eu assisti o sanfoneiro Sivuca pela última vez. Vi o múltiplo músico Hermeto Pascoal. E também o violonista Heraldo do Monte, com seus mágicos acordes.  

Não acredito que o prefeito Carlos Eduardo caia nessa esparrela armada pelos lobos legislantes.


PS. Com tanto lugar por ai,os vereadores viram até os escombros da antiga sede Semurb, abandonada nas Rocas, foram escolher logo atacar a cultura e as artes.  

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