quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Moacy Cirne lança hoje livro sobre a paixão Fluminense



O escritor Moacy Cirne lança hoje o livro “Maraca, Maracanã que te quero Fluminense”, editado pelo Sebo Vermelho. Será a partir das 18 horas, no Bar dos Doidos, rua Genipabu, em Ponta Negra (rua lateral do Praia Shopping).

Maraca, Maracanã que te quero Fluminense traduz a paixão de Moacy Cirne pelo time tricolor das laranjeiras, iniciada ainda na juventude. 

A nação Fluminense está convocada. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Hans Børli


Entra pela escuridão
e limpa a fuligem da lâmpada.
Para que as pessoas na estrada
possam entrever uma luz
em teus olhos habitados.


*Hans Børli, poeta norueguês.

A draconiana lei da meia-entrada


Por que os produtores culturais e desportistas têm de dar 50 % de descontos nos ingressos de eventos, e ficam tomando prejuízos, por uma lei que é pública e obriga a concessão meia-entrada?

A meia-entrada tem valor e deve valer sempre, é uma conquista social indiscutível, agora o ente público deveria subsidiar e não jogar a despesa no colo do agente cultural e desportista como tem feito. Pimenta nos olhos dos outros é refresco.

Essa conta dos 50% deveria ser reembolsada pelo poder público aos artistas, desportistas e produtores que correm atrás, suam a camisa (porque não é fácil arrumar apoios e patrocínios) para botar o bloco na rua. E na hora do retorno do investimento e do trabalho, ainda ter que perder 50% daquilo que seria o lucro do seu serviço. Olhe que não é mole.  

Isso, levando em conta que os governos já cobram os tradicionais impostos de material e serviços. Os vereadores e prefeitos preferem omissão. Tem horas que produzir fica complicado. Até porque cultura não é religião, que tem isenção. Lá as doações de dinheiro estão liberadas. O que se faz não é o justo.  

Que lei é essa que interfere nas contas privadas?

Tenho batido aqui na tecla e vou bater mais para acordar a inércia. O debate deve ser constante. Até já.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O coração risonho




A cubaninha, enfim, conseguiu ver o lado do Brasil civilizado


A cubaninha Yoanni foi ao Rio de Janeiro e finalmente pôde conhecer e desfrutar do Brasil civilizado. Ufa! Ainda há uma luz no fim do túnel.

E por falar em civilidade, a cubaninha deu uma trabalheira enorme a jovem esquerdofrênia brasileira (aquela que adora ir passear em Cuba de tablet na mão), que mostrou ao mundo o quanto está ultrapassada no seu discurso, além de mal educada e intolerante contra quem discorda de sua cartilha doutrinária.  

A turba domesticada confunde baderna com democracia, e quer calar os outros na base do grito. Não sabe a essência dos direitos humanos.  Quanta pobreza ideológica.

“As ditaduras não devem ser avaliadas por serem de direita ou esquerda, mas por serem ditaduras” – Yoanni Sanchez.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

O resgate de Vulpiano Cavalcanti


As edições Sebo Vermelho prepara mais uma edição de bom gosto, o livro Memória Viva com a entrevista o médico e velho comunista Vulpiano Cavancanti, concedida tempos atrás à TVU. Muito oportuno.
 
Doutor Vulpiano foi um símbolo de retidão humana, que jamais traiu seus ideais e a sua verdade interior. Lembro dele já chegando à tenra idade na cadeira de balanço no terraço de sua casa irradiando a placidez, na mesma rua que eu morava. Era menino e meus avós me contavam a sua saga de bondade e torturas. Era para mim uma espécie de mito.

O texto que se segue, escrito pelo jornalista de estilo, Dorian Jorge Freire, é servido como aperitivo:

Vulpiano Cavalcanti, um homem de aço

Natal, dezembro de 1988

Vulpiano Cavalcanti apareceu em Mossoró, vindo de Areia Branca, onde conquistara, em brevíssimo tempo, fama de grande médico, de milagroso cirurgião, de amigo dos pobres. E de comunista.Conheci-o apresentado pelo advogado Raimundo Soares de Souza, futuro deputado federal, prefeito de Mossoró e criador da Universidade mossoroense.

Fizemos pronta camaradagem. Eu era ainda muito moço, quase menino. Vulpiano me ouvia com condescendência, fazia proselitismo. Discutíamos idéias. Ele, evidentemente, muito mais preparado, muito mais treinado para os debates nas saudades mesas dos desaparecidos - por quê? - cafés da cidade.

Achava-me por demais preconceituoso, embora eu quisesse mostrar abertura a qualquer idéia. Recordo que foi dele que recebi o livro de Roger Martin du Gard, O Drama de Jean Barois. Na dedicatória, notavelmente irônica, ele dizia que aquele era também o meu "drama".

Amistamos enquanto ele viveu em Mossoró, com um prestígio em grande ascensão.Depois, mais raramente, nos vimos em Natal. Creio que não me encontrava com ele há uns bons 30 anos. O tímido irrecuperável não se encorajava a ir interrompê-lo na sua faina e impor-lhe uma amizade que ficou na adolescência de flores, quimeras e palavras de ordem.

Acompanhei, contudo, a sua vida, muito rica e aventurosa, com curiosidade. Vi-o chamado pela grande imprensa de representante de Luís Carlos Prestes no Nordeste. Soube de suas inumeráveis prisões. Não no autoritarismo que sucedeu ao golpe militar de 1964. Antes dele. No governo falsamente democrático do marechal Eurico Gaspar Dutra. Até no qüinqüênio liberal de Juscelino Kubitsckek. Era preso e, invariavelmente, torturado. Surravam preferencialmente as suas mãos mágicas, seus dedos hábeis, para que não voltasse a ser o exímio cirurgião que sempre foi.

Uma vez, ouvi de Luiz Maranhão Filho, que foi "desaparecido" no reinado dos atos institucionais hoje recordados com saudade pelo coronel Jarbas Passarinho, falso cristão novo da nossa tíbia democracia, ouvi de Luiz, o grande e saudoso Lula, que está carecendo receber a homenagem de respeito e de saudade do Rio Grande do Norte, como Vulpiano se comportava nas prisões. Não perdia o humor, brincava com os companheiros de cativeiro, gozava os algozes. Submetido a torturas terríveis, inimagináveis, ferozes, Luiz me dizia que todos presos falavam alguma coisa, inventavam alguma coisa para despistar e atender à ferocidade dos torturadores.

- Menos Vulpiano. Ele não diz nada. Não tenta nem despistar. Recusa-se a falar. Ironiza os bichos da tortura e continua, placidamente, reiterando suas idéias. Um monstro!

Pois foi o monstro sagrado que agora morreu. No seu Ceará. Longe da cidade do Natal de sua eleição. Deixando atrás dele um prestígio que nunca diminuiu. De homem de idéias firmes, inabaláveis. De homem de aço. E, no entanto, um homem visceralmente simples, compreensivo, bom. Amigo de todos. Até dos adversários mais impiedosos. Sempre risonho, afável, mobilizado. Médico e comunista. A profissão e sua opção política se completavam, se entrelaçavam. Um revolucionário sem ferocidade, meigo, atencioso, muito educado.

Os últimos anos de vida de Vulpiano Cavalcanti foram de consagração. Não havia duas opiniões sobre ele. Natal que desbota, desgasta, mediocriza, não consagra nem desconsagra ninguém, segundo frase ora atribuída a Câmara Cascudo, ora a João Medeiros Filho, consagrou Vulpiano Cavalcanti. Concedeu-lhe o respeito que ele merecia e a estima da qual era credor.
Sem precisar renunciar às suas verdades, sustentando-as com o ardor da distante mocidade, Vulpiano Cavalcanti, assim mesmo, por isso mesmo, era amado.

Morto Vulpiano, "desaparecido" Luiz Maranhão Filho, ser comunista, em Natal, perdeu a graça.

Dorian Jorge Freire.
Jornal O Mossoroense