segunda-feira, 23 de julho de 2012

Histórias de Marinheiros

Tomas Tranströmer

Há dias de inverno sem neve em que o mar é parente

de zonas montanhosas, encolhido sob plumagem cinza,

azul só por um minuto, longas horas com ondas quais pálidos

linces, buscando em vão sustento nas pedras de à beira-mar.

 

Em dias como estes saem do mar restos de naufrágios em busca

de seus proprietários, sentados no bulício da cidade, e afogadas

tripulações vêm a terra, mais tênues que fumo de cachimbo.

 

(No Norte andam os verdadeiros linces, com garras afiadas

e olhos sonhadores. No Norte, onde o dia

vive numa mina, de dia e de noite.

 

Ali, onde o único sobrevivente pode estar

junto ao forno da Aurora Boreal escutando

a música dos mortos de frio).

 

(1954)

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