sexta-feira, 22 de junho de 2012

O Olho do Poeta Obsceno Vendo...


Lawrence Ferlinghetti

O olho do poeta obsceno vendo
vê a superfície do mundo redondo
         com seus telhados bêbados
         e pássaros de pau nos varais
         e suas fêmeas e machos feitos de barro
         com pernas em fogo e peitos em botão
         em camas rolantes
e suas árvores de mistérios
e seus parques de domingos no parque e estátuas sem fala
e seus Estados Unidos
com suas cidades fantasmas e Ilhas Ellis vazias
e sua paisagem surrealista de
                  pradarias estúpidas
                  supermercados subúrbios
                  cemitérios com calefação
                  e catedrais que protestam
um mundo à prova de beijo um mundo de
 tampas de privada e táxis
 caubóis de butique e virgens de Las Vegas
 índios sem terra e madames loucas por cinema
         senadores anti-romanos e conformistas
                                         conformados
e todos os outros fragmentos desbotados
do sonho imigrante real demais
     e disperso
         entre esse pessoal que toma banho de sol.



 Tradução: Paulo Leminski

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