sexta-feira, 11 de junho de 2010

Poema de Demétrio Vieira Diniz

Dádiva

A minha terra não me deu nada.
Só um acanhado mundo
de homens com chapéu de couro e alpercatas de currulepa
sapateando na seca
pra lá e pra cá
atrás de uma cantoria, uma quermesse
de um tiro no meio da feira.
E mulheres fustigando pelo mando
a beleza logo se retraindo
no rosto encarquilhado de sol.

Esses homens e mulheres empoeirados
de destino errático e fala arrevesada
sonhos tão pequenos
como um cavalo cardão ou um vestido de organza
rendado
foi tudo que minha terra me deu
e assim mesmo recebo como uma dádiva.

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